O presidente do Tribunal Eleitoral (TE), Alfredo Junca, anunciou no domingo à noite a vitória a Mulino num telefonema transmitido ao vivo pela televisão do Panamá.

Mulino, antigo ministro da Segurança, de 64 anos, tinha quase 35% dos votos com mais de 92% das urnas já contabilizadas.

O sistema eleitoral do Panamá não prevê uma segunda volta, por isso a presidência vai para o candidato com o maior número de votos, não sendo necessário obter mais de 50%.

"Não me sinto encorajado por confrontos de qualquer tipo", afirmou Mulino, garantindo que vai procurar o consenso político e promover "um Governo que seja a favor do setor privado", mas sem esquecer os mais necessitados.

O candidato de centro-direita Ricardo Lombana, que ficou em segundo lugar na votação de domingo com um programa centrado no combate à corrupção, já falou com os apoiantes e reconheceu a vitória de Mulino.

No entanto, Lombana avisou o futuro chefe de Estado para não "se afastar da vontade popular", não "se atrever a privatizar a educação", "usar métodos autoritários para reprimir o povo" ou renegociar um polémico contrato de mineração.

No final de novembro, o Supremo Tribunal de Justiça do Panamá decidiu que a extensão da exploração na maior mina de cobre da América Central, acordada pelo ainda Presidente Laurentino Cortizo, era inconstitucional.

A extensão gerou semanas de protestos e bloqueios nas principais estradas do país.

Cerca de três milhões de eleitores do Panamá foram no domingo às urnas para eleger o novo Presidente do país, sucessor de Laurentino Cortizo, numa corrida que tinha sido antecedida de uma batalha judicial.

Na sexta-feira, o CSJ ratificou a candidatura de José Raul Mulino, substituto de última hora do ex-presidente Ricardo Martinelli, que era o candidato presidencial do partido Realizando Metas (RM).

Martinelli, que governou o Panamá entre 2009 e 2014, foi condenado a mais de 10 anos de prisão por branqueamento de capitais, e está atualmente refugiado na embaixada da Nicarágua, país que lhe concedeu asilo político.

O Supremo Tribunal tinha admitido uma ação de inconstitucionalidade contra a decisão do TE de aceitar a candidatura, sob a alegação de que Mulino concorria sem um vice-presidente e que não tinha sido eleito em primárias pelo RM.

Oito candidatos concorreram à presidência, incluindo o antigo presidente Martin Torrijos, pelo Partido Popular.

Além do novo chefe de Estado, foram eleitos 20 deputados ao Parlamento Centro-Americano, 71 deputados à Assembleia Nacional, 81 presidentes de câmara, 701 representantes municipais e 11 vereadores, para mandatos até 30 de junho de 2029.

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